Apesar de estar sem foro especial, Alckmin não será molestado

0
7602

Não deve ser em vão que o agora afastado governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB/SP) para ser candidato a presidência da República pelo seu partido é chamado de “Santo”. Sem foro privilegiado, visto que está afastado do cargo, Alckmin poderia ser investigado a respeito de várias suspeitas que se tenha contra ele, vamos apenas citar um nome recorrente, o do engenheiro Paulo Preto na gestão da Dersa, empresa de desenvolvimento rodoviário e inclusive na Operação lava Jato, aos cuidados do juiz Sérgio Moro em Curitiba consegue algumas benesses ou milagres.
Mas, santo é santo e tem proteção. Essa não vem dos céus ou dos infernos e sim daqui mesmo. Não é que a Procuradora- Geral da República, Raquel Dodge, lembremo-nos, indicada há pouco tempo para o cargo pelo presidente interino Michel Temer (PMDB/SP), argumentou que não há suspeitas suficientes para denunciá-lo e investigá-lo, apesar das informações da Odebrecht!
Ela se pronunciou logo após os promotores de São Paulo terem mandado ao Tribunal Superior Eleitoral, pedido de investigação de Alckmin sobre fortes suspeitas de irregularidades em campanhas políticas ao longo de seus longos e persistentes mandatos conseguidos em São Paulo. Trata-se de um dos políticos paulistas com mais tempo e mandatos no governo.
Já nos poucos primeiros dias sem foro especial, o santo conseguiu se livrar de suspeitas de recebimento de propinas e não se espera nada sério da Justiça Eleitoral. Impressionante a desenvoltura do candidato sobre o Judiciário durante o exercício de seus mandatos; não perdeu nenhuma causa nela, apesar das fortes evidências de recebimento de dinheiro através de seu cunhado para regar as despesas de suas campanhas. Mesmo gravações, os pacotes e malas de dinheiro envolvendo amigos de Michel Temer escapam de investigações e Geraldo Alckmin está entre eles.
Enquanto as suspeitas brotam fortemente nos corações e mentes de muita gente, também há os que apesar de reconhecer-lhe competência vai um pouco mais a frente e indica não acreditar que apesar de abençoado, não chegará ao Palácio que é o seu interesse maior; ou seja, seguirá sendo poupado pelas investigações, mas poderá ser derrotado na sua intenção de presidir o país.
Entre os que consideram “esse ‘troco futuro” está o senador Pedro Simon (PMDB/RS) que destaca às competências inerentes ao cargo de governador que o governador ocupou três vezes “Alckmin já provou tudo que tinha que provar” comenta Pedro Simon com saldo positivo. O senador, entretanto, considera que o pretendente não está na linha de renovação que todo mundo está esperando. “O PSDB foi muito atingido, visto as acusações contra o ex-governador de Minas [Aécio]” disse a uma revista semanal.
Por essas e por outras também não da para dar crédito à expectativa de revistas semanais de que os políticos corruptos devem tremer porque a hora deles vai chegar, como expressa a Isto É no 2520 de 11 de abril. Pelo andar da carruagem e com os beneplácitos da procuradora-geral e a falta de empenho dos que deveriam investigar, mas, principalmente processar os agora políticos suspeitos sem foro especial. Nada disso, infelizmente vai acontecer.
Não há como não levar em conta que há fatores até mesmo geopolíticos de interesses internacionais em nossas reservas estratégicas e riquezas, como foi o caso de aquisição por empresas estrangeiras a preço de banana de reservas petrolíferas do pré sal mancomunadas com o atual governo que ao fim e ao cabo se qualifica para continuar servil e não soberano. Muitas evidências e fatos poderiam comprovar isso, mas não é mote desse artigo.
Para uso interno, entretanto, como parte dessa estratégia que vem se construindo desde antes do impedimento da ex-presidente Dilma Roussef está à intenção dos patrimonialistas, da elite que sempre governou o país, em retomar o controle após um breve período em que a “senzala” e não a “casa grande” governou.
Cansados de ver o que a senzala estava promovendo com a inclusão e o acesso, grosso modo, a uma vida mais digna para parte importante da população sempre marginalizada, era a hora de interromper esse caminho e acumular, de novo, sempre mais. É nessa lógica política que a ausência de pulso da Justiça para com os políticos corruptos sem foro especial com o time de lá se insere.
Tanto para se investigar com suspeitas e provas robustas serão deixadas de lado para, por exemplo, como fez o STJ negar a apreciação de HC para o ex-ministro Palocci, em prisão provisória a 1,6 meses e para logo mais, repor o ex-ministro José Dirceu, condenado em 2ª Instância, a prisão fechada. Tudo isso de certa forma afrontando o previsto na constituição federal que orienta que ninguém será condenado a cumprimento de sentenças até o final de transitado em julgado em última instância.
Claro e reto: a lei não trata todos da mesma forma e isso é muito ruim. Santos, nesses casos está a parte. (JMN)

Leave a reply