Corrupção e crise fazem prestigio do governo cair

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A se dar crédito às pesquisas de opinião de grandes institutos como é o caso do Datafolha, e não há porque se duvidar dos resultados porque estes, se manipulados, trairiam e operariam contra sua principal finalidade são más notícias que estão reservadas a presidente Dilma Roussef. Recentemente esse instituto pesquisou a popularidade da presidente e a percepção que os brasileiros têm da crise.
Dilma vinha sendo rejeitada desde o início deste seu segundo mandato muito por conta da crise que começa a se instalar, mas, principalmente por conta dos efeitos à partir das revelações das lambanças feitas principalmente pela base de apoio ao seu governo envolvendo o PT e o PP em escala maior e os diretores da Petrobras, estatal, que foram indicados pelas forças politicas que orbitam a administração recente pilotada pelo Partido dos Trabalhadores.
Não há mais nenhuma sombra de dúvida de que os malfeitos com a estatal e as chances enormes de outros malfeitos estarem presentes em outros órgãos diretos ou indiretos do governo fizeram com que o sentimento generalizado da população seja de indignação e revolta, parte dela expressa na manifestação recente do dia 12 de abril quando ruas e praças de parcela importante de cidades brasileiras foram tomadas em sinal de protesto.
Em meados de março as pesquisas indicavam que 62% dos entrevistados consideravam o governo da presidente Dilma Roussef ‘ruim ou péssimo’. Agora em abril é 60%, indicador que está dentro de uma margem de erro na metodologia adotada pelo instituto. Variaram de 24% para 27% os que acham esse governo razoável e mantiveram-se em 13%, os que disseram que é ‘ótimo ou bom”. Não tem como achar ai algum sinal de melhora, portanto considerar como um leve recuo ou estagnação o crescimento da camada que protesta contra o governo por causa de um número menor de manifestantes, em abril, é enganoso.
Enganoso, também e principalmente porque é da natureza das manifestações de protestos contra o governo, no caso, de oscilarem entre uma ação ou outra. Apenas em momentos de ruptura revolucionária e no ápice da guerra de movimentos que as quantidades de manifestantes em protestos se mantêm ou ampliam.
Voltando aos números que até então entendemos como confiáveis, em meados de março 77% das pessoas consultadas diziam que a inflação iria aumentar, contra 78% das pessoas que dizem a mesma coisa agora. Na outra ponta os mesmos 6% que afirmavam que a inflação iria cair se manteve. No meio do caminho, dos que podiam apostar que a situação ainda vai melhorar estavam 15% na tomada de março e 14% agora. Na mesma conjuntura tem um universo que era de 69% e que passou para 70% daqueles que acham que a taxa de emprego vai aumentar. Os que otimistas diziam que vai diminuir foi de 12% para 10%.
O resumo de tanta conta é que não há notícias boas para o planalto. Na gênese dessa mal estar os problemas do país que historicamente tem sido elencado como principal a saúde, agora recebe a companhia da corrupção como um dos principais problemas. Vale lembrar que o tema corrupção não era lembrado em 2011, mas veio a tona nas jornadas de junho de 2013 e se manteve em julho de 2014 durante a Copa do Mundo do famigerado sete a zero e agora já tem tanto peso quanto a saúde nos corações e mentes dos brasileiros.
Se a Petrobras e os assuntos que a envolvem tornou-se um fardo pesado para da presidenta isso é revelado na desconfiança de pelo menos 83% dos entrevistados. Que sabia dos problemas na estatal e nada fez, 57% dos entrevistados. Apenas 12% acreditam na ignorância da presidente quanto as lambanças, equanto 26% admitem que ela sabia, mas que nada podia fazer.
A questão é, com quais ingredientes, fatos ou iniciativas o crédito da mandante do país aumentará. Trata-se de uma incógnita. Um desses ingredientes poderá vir do balanço da estatal que tem que ser publicada em breve e que aponte poucas perdas e danos e aponte para alguma trajetória de recuperação.
Resumindo a ópera o governo perde prestigio em intensidade só pouco menor do que o partido que lhe dá sustentabilidade. O PT pena para recuperar o prestígio e confiança que um dia lhe foi concedido. Um forte sinal de que tempos bicudos virão é o prestigio decrescente de sua principal liderança, o ex-presidente Lula que agora já não consegue mais continuar ileso à ilações de seu comprometimento com os problemas e que ainda pode remotamente ser atingido em investigações. Caberá a ele a dádiva da dúvida e a capacidade de comprovar que não tem culpas no cartório.
Ao final dessa leitura dos números parece que muita coisa mudou. Lideranças ou partido de preferência nacional, agora descem a ladeira, mas isso não quer dizer, entretanto, que o que está retratado enquanto tendência seja a melhor coisa para o Brasil. Longe disso, uma vez que as alternativas disponíveis não são para animar qualquer ser consciente.

(JMN)

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