Febre amarela é só a bola da vez

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Temos visto nos últimos anos doenças consideradas erradicadas no passado voltando em forma de surtos e epidemias. A Febre amarela, a tuberculose, a gripe suína, a dengue, a esquistossomose e a leishmaniose são alguns exemplos. Mas não para por ai surtos de cólera, malária, sarampo e meningite estão entre as doenças que podem se espalhar rapidamente representam uma ameaça à saúde pública mundial.
Algum tempo atrás foi a malária que reapareceu em áreas onde se achava que estivesse eliminada e já se espalhou. Até o cólera reapareceu na América Latina. Hoje, alarmada com a febre amarela, a população corre atrás de vacinas e as unidades de saúde estão sendo testadas além de suas capacidades padrão como podemos observar no noticiário, em alguns casos quase uma calamidade.
A febre amarela, de tempos em tempos reemerge no Brasil e provoca surtos, como o que ocorreu entre 2007 e 2009, quando se expandiu para as regiões Sudeste e Sul do país, causando mais de 100 casos da doença com alta letalidade, volta agora, em 2018, em áreas muito próximas a capital paulista. Como outras doenças citadas, a cada período em que reaparecem são despesas extras que são exigidas e demandam ações de grande intensidade da vigilância epidemiológica e do sistema de saúde.
A febre amarela, como algumas doenças, são zoonoses, ou seja, doenças ou infecções que se transmitem entre os animais vertebrados e o homem ou deste para aqueles e na ocorrência desses ciclos são os que causam os maiores problemas de saúde pública na atualidade.
Como em nosso país as políticas públicas não realiza o que está expresso na Constituição Federal de 1988 onde estabelece como sendo o bem maior dos direitos fundamentais a vida; e que a saúde é um direito de todos e dever do estado, conforme seu art. 196, todos os estado brasileiros enfrentam anos a fio grave crise na saúde pública, alguns deste em completo descalabro.
O Sistema Único de Saúde (SUS) não dá conta de sair da idealização por causa de gerenciamento equivocado e permissivo e de descaso com a população. Faltam investimentos, recursos humanos, condições de estruturas físicas adequadas de hospitais e unidades básicas de saúde. A dificuldade de acesso ao atendimento médico, a exames laboratoriais e medicamentos até para doenças persistentes como diabetes e hipertensão dão provas desse descaso.
Mas em termos desses surtos ou epidemias, nem toda culpa pode ser creditada ao governo. Inúmeros outros fatores, culturais, demográficos, sociais e políticos, econômicos; mudança e adaptação dos micro-organismos e os fatores ambientais contribuem. Destaque-se que a forma desordenada de ocupação urbana e hábitos questionáveis dessas populações, somando-se a degradação ambiental contribui decisivamente para o aparecimento de novas doenças.
A situação é mais grave em regiões carentes de abastecimento de água potável e de saneamento ambiental. Pelo menos 30 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada e mais da metade da população não tem o esgoto coletado. Locais com problemas na coleta de lixo também são considerados críticos em relação à incidência de doenças.
Como se vê parte do enfrentamento a esse problema é, de fato, resolver problemas estruturais básicos, como o acesso universal à água tratada, destinação adequada do lixo e a ampliação da oferta de saneamento básico em todo o território. Deve-se, do ponto de vista da vigilância epidemiológica tratar as causas e atuar na prevenção para evitar que essas epidemias sejam recorrentes.
O problema é grande e só com a integração de ações entre o Poder Público e a população ele pode ser enfrentado, entretanto ao final pergunto de quem é a maior responsabilidade quando nos deparamos com essa manchete principal do jornal “O Globo”, de 18/01/2018 “País reduziu em 33% verba para prevenir epidemias”? (LM)

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