Instabilidade no Brasil, faz crescer estudantes em Portugal

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Cresce o número de brasileiros que estão querendo estudar em Portugal. Só em 2017, no Estado de São Paulo a procura por visto para estudar lá aumentou em 35% comprado a 2016. Os brasileiros já representam cerca de 30% dos estrangeiros nas universidades portuguesas. Segundo o governo, o que tem contribuído para esse aumento foi o convênio que o Brasil tem com Portugal de aceitar os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como ingresso nas universidades lusitanas.
Acho, entretanto que além desse motivo que tem feito com que cerca de 30 mil estudantes brasileiros estejam em Portugal em número cada vez mais crescentes tem a ver mesmo é com o estado de desesperança com seu país que cerca o brasileiro médio que procura vida melhor através de seu esforço e estudos. Com o número elevado de desempregados e sinais cada vez mais duvidosos de que a situação econômica e política brasileira vá melhorar, sair do país é uma alternativa, não só para estudar em si, mas para eventualmente trabalhar ou empreender fora num ambiente em teses mais estável.
Muitas pessoas que estão hoje no inicio ou no auge de suas vidas profissionais parecem já antever que ficar no Brasil em busca de oportunidades é fazer parte de uma viagem em direção ao desconhecido quando não ao fracasso. Com exceção das atividades financeiras especulativas pouco se tem assegurado que atividades produtivas e de serviços sejam capaz de se estabilizar, ampliar e absorver toda mão de obra disponível na população economicamente ativa. Claro que não nos iludimos com emprego pleno, o natural nesse sistema é o sempre presente e disponível exercito de reserva, aquele contigente de desempregados que podem ser acionados pontualmente diante das necessidades de setores econômicos. Esse contingente, entretanto, tem que estar sempre circunscrito em uma quantidade não muito acintosa, bem menos dos desconfortáveis números atuais.
O certo é que entre os desempregados; os que já desistiram de buscar colocação e os que estão em atividades cada vez mais precárias, contamos com 25 pessoas em cada 100 em idade produtiva. Não é pouco é muito e mesmo com um suspiro aqui e ali em setores que empregam mais que antes o certo é que a reforma trabalhista aprovada e em curso desestabilizou a força de trabalho. A estabilidade foi embora. Se ganha menos e ainda não se sabe por quanto tempo.
Se o interesse pelo estudo em Portugal cresceu em função da concessão de bolsas, e do apoio financeiro por parte do governo brasileiro após 2007, conforme digo acima não é a única explicação. A situação de instabilidade brasileira provocou o aumento significativo de imigrantes brasileiros que passaram de 23.541 pessoas em 2001 para 105.622 em 2012.
Mesmo considerando que um exemplo não explica o todo registro aqui a fala de uma jovem estudante de 23 anos que trocou o curso de Direito no Brasil para se dedicar o Enem para que pudesse estudar Línguas, Literaturas e Culturas na Universidade de Lisboa. Para ela as vantagens, além da universidade oferecer muitos programas é as oportunidades de emprego, a segurança e a oportunidade de seguir carreira no exterior. “Meu curso demora três anos. Eu quero seguir carreira por aqui ou prestar o Erasmus [um dos programas que dá bolsa] e migrar, para poder passar um semestre em outra universidade”. (LM)

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