Jardins Santo André e São Francisco comemoram aniversário

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Comemorando 48 anos de fundação Jardim Santo André e Jardim São Francisco mantem a tradição iniciada anos antes tendo a frente a comissão de festejos da qual faz parte a recém empossada como presidente do Conselho de Segurança do 55 DP, Fátima Magalhães. Fez parte das comemorações deste ano um ato ecumênico na Emei Carmem Miranda com a presença de representante da Igreja Católica e pastor representando os evangélicos. Na ocasião foram homenageados moradores do bairro e plantio de árvores às margens do Córrego Jaçanã Altair no dia 27 de março.
O plantio, tradicional, por pouco não se transformou em um fiasco, tendo em vista que o terreno onde seriam plantadas as mudas de árvores estava ocupado por lixo de toda natureza, criando contrariedade e dificuldade para os envolvidos, principalmente alunos das escolas públicas locais.
Segundo Fátima não havia muita explicação para o ocorrido, uma vez que um ofício solicitando a limpeza e manutenção do local onde seriam plantadas as mudas estava em poder da subprefeitura, pelo menos, dois meses antes.
As maiores demandas dos locais
Segundo a liderança o córrego sujo é uma delas. Para Fátima Magalhães, o poder público ainda deve a construção de um CEU, conforme planos anteriores. “Três novos equipamentos públicos foram construídos na Rua Jorge Carlos de Almeida onde, antes, estava o campo do Cruzeirinho. A emei, cei e a emef que construíram no local foram acertadas com a promessa de uma permuta por outro espaço que seria entregue ao time de futebol, coisa que não ocorreu, apesar dos justos reclamos dos representantes do clube”, enfatiza.
Os dois bairros tem pouca ou nenhuma área de lazer nem espaços culturais e o CEU São Rafael é muito distante para os moradores dessas comunidades. Quando as lideranças buscam respostas, em geral, se deparam com inúmeras dificuldades e também com as seguidas mudanças da titularidade das pastas envolvidas, sendo que os novos representantes públicos das áreas envolvidas usam e abusam do argumento de não terem sido informados das demandas e dos compromissos das gestões anteriores.
Ainda, segundo a atual presidente do Conseg e membro da comissão de festejos do bairro, o atendimento à saúde é outro sério problema naquelas comunidades. Nesse quesito podemos assegurar que o problema é em todos os distritos de São Mateus.
Fátima ainda apontou para os riscos de aumento dos casos de dengue localmente, também por conta dos carros apreendidos, estacionados e se deteriorando nos pátios das delegacias, “A situação no 49º DP é gritante e esse é outro assunto que vira e mexe lembramos nas reuniões do Conseg”.
De uma forma geral, a liderança destaca que o Jardim São Francisco deu uma boa alavancada com a organização comunitária e os aportes que o poder público tem encaminhado para aquele local. Estima-se que uma UPA deverá ser instalada naquela região que junto com o Jardim Santo André deve comportar aproximadamente 60 mil famílias.
Uma breve história do Jardim Santo André
No começo eram todas fazendas e o Jardim Santo André pertencia a Juta da família de Carlos Ferreira de Bastos, com ela o Jardim Sonia Maria, Silvia Maria e Ana Maria em lembrança das filhas de Rua Ferreira de Barros.
Dividida em quinhões, cada um dos filhos da família Ferreira de Barros ficou com um pedaço e Carlos vendeu posteriormente para Dr. Fausto Gonçalves Gaspar, da Princal, a parte onde hoje está o Jardim Santo André que o loteou inicialmente em chácara do Morro do Cruzeiro.
Fundados em 11/03/1966 o Jardim Santo André e o Jardim São Francisco somavam 1549 lotes com 38 ruas oficiais. O nome São Francisco foi em referência à faculdade onde estudou e Santo André em homenagem aos amigos que moravam na cidade vizinha no ABC.
Enquanto o loteamento do Jardim Santo André caminhava o São Francisco, por conta de sua localização, à época, não vingou.
No começo não havia mais que sete casas quando um acidente com a queda de um avião aconteceu no Morro do Cruzeiro.
Dizem que era um padre que dirigia a aeronave. A partir daí o povo começou a fazer romarias ao local onde depositavam cruzes, daí o nome do morro. Como curiosidade, dizem os mais antigos, que as cruzes não permaneciam no local. Fantasia. Acham que o padre depois de morto às recolhia.
Com o início da industrialização no ABC e a instalação das montadoras de automóveis na década de 60 os moradores buscando ficar próximo das empresas foram ocupando lentamente o Jardim Santo André, apenas e então, uma vila dormitório. Com o número crescente de trabalhadores morando no local as indústrias ofereceram condução para levar e trazer os trabalhadores. Com o transporte mais famílias se interessaram em ocupar a região.
Além do transporte havia outras atrações, os loteadores ofereciam a quem comprasse os terrenos na incipiente vila telhas e tijolos para estimular a construção e a fixação no local.
Realizavam-se, então, os primeiros sonhos da casa própria. Numa estratégia de vendas, os loteadores também promoviam aos finais de semana a ida de novos eventuais compradores interessados através de um caminho que os deixava na parte baixa do loteamento.
Alguns aproveitavam essas ocasiões e passavam o dia construindo suas casas.
A comunidade ia crescendo e para dar conta de sua fé às missas eram celebradas por conta do esforço da comunidade que ia buscar o padre em São Mateus, o mesmo ocorria com as outras religiões.
Sem energia elétrica, velas e lamparinas iluminavam as casas dos moradores. Não havia água encanada eram poços perfurados por especialistas que também construíam fossas para o esgoto.
Com gente no local, pequenos comércios foram abertos. A primeira padaria e a primeira farmácia iniciadas nos anos 70 até hoje estão nos mesmos lugares. Olarias era outra das atividades que tinha muita demanda na época. Foram com tijolos delas que o Jardim Santo André se levantou.
Só mesmo a partir de 1968 começou a ser colonizado mais intensamente, entretanto, foi a partir dos anos 80 que as melhorias começaram a surgir para atender o número crescente de moradores.
Enquanto a água não era ligada por domicílio era comum às mulheres buscarem água nas minas próximas e lavarem suas roupas nas barrancas dos córregos. Ainda limpos e razoavelmente preservados, os córregos e riachos serviam também como área de lazer.
Dentro do Jardim Santo André também existiu durante um período um aterro de lixo domiciliar. Na época a prefeitura mandou colocar tubos fincados ao solo para dar vazão aos gases que entravam em combustão quando em contato com atmosfera na saída dos canos. Com a invasão daquele espaço anos depois o aterro foi desativado.
Desmatamento do Morro do Sabão
Com muitas árvores e animais silvestres o Morro do Sabão foi dando lugar a uma ocupação desordenada e em menos de cinco anos o desmatamento estava quase completo.
Com o desmatamento as ruas e os acessos morro acima ficavam escorregadios e intransitáveis durante as chuvas. Daí o nome morro do Sabão.
Primeiros transportes públicos
A primeira empresa de transporte público a servir a região foi o Expresso Santa Rita que ia da vila em direção à cidade de Santo André. Eram tempos sem asfalto e com muita dificuldade para trafegar. Em seguida a CMTC ñ Companhia Metropolitana do Transporte Coletivo após demanda da população„ o conseguiu viabilizar uma linha em direção ao Terminal de São Mateus.
Mas foi só na década de 90
Que o Jardim Santo André experimentou uma grande explosão demográfica. Houve na ocasião muitas ocupações e em acordo com o governo municipal da época vários mutirões de construção foram realizados, por exemplo, o São Francisco, Sete, Oito, Parque das Flores. Onde antes havia não mais que 1500 lotes passaram para quase 20 mil.
Um posto de saúde foi fundado na época depois vieram escolas na área infantil, creches municipais e escolas num bairro que ainda tem muitas carências e muito que conquistar.
Mas ainda é preciso preservar
Uma parte da Mata Atlântica secundária pode ser encontrada entre São Mateus, Cidade Tiradentes e a cidade vizinha Mauá. São diversos pontos de vegetação nativa incluídas num projeto de APA Área de Preservação Ambiental, nela inclui-se o Morro do Cruzeiro, um dos mais altos da cidade e que abriga as nascentes do Rio Aricanduva, Limoeiro e Palanque.
A prefeitura de São Paulo através da Secretaria do Verde tenta preservar a área que além de abranger as cabeceiras dos rios ainda conserva um pouco da biodiversidade inicial. A grande tarefa de todos é proteger a região toda da devastação e do crescimento desordenado.

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