Petrobras é uma coisa, os malfeitores outra

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Aos bandos, assaltantes vinham realizando arrastões contínuos na Petrobras. Mesmo assim não tem como deixar de reconhecer que a atividade que a empresa desenvolve, e não estou falando da irrigação das propinas, mas da atividade petrolífera ela é bem lucrativa. Apesar dos bilhões que foram desviados ainda a atividade produz dividendos mais que razoáveis e muita gordura pronta para reinvestir no negócio.
A aprovação de uma proposta, capitaneada, principalmente, pelo senador paulista José Serra (PSDB) no Senado Federal no dia 24/02 desobriga a participação da Petrobras na exploração do pré-sal e tira dela a prioridade sobre a escolha dos campos que deseje participar, que caberá, agora, ao Conselho Nacional de Política Energética e ao Governo soa como entreguismo lesa pátria deixando muito felizes as grandes empresas estrangeiras do setor.
Não fosse uma manobra da presidente Dilma, ex-presidente Lula e Jacques Wagner aos 45 minutos do segundo tempo poderia ter sido pior. A expectativa era que o governo ia perder. Dilma teria que vetar e de volta ao Congresso esse ia derrubar o veto da Dilma e ai adeus ao pré sal aos 75% para educação e aos 25% para a saúde.
Com o substituto o governo conseguiu incluir que, a exploração do pré sal primeiro tem que passar pelo crivo da presidência e da Petrobras, para só depois ser explorado pelo capital estrangeiro. Do que jeito que eles fizeram a Dilma não precisará vetar o que está sendo encaminhado e o pré sal continua sendo nosso.
Enquanto atividade lucrativa e principalmente após o desejável saneamento pela qual deverá passar como um dos principais resultados de todas essas investigações a empresa ainda poderá gerar enormes dividendos que poderiam alimentar mais um Fundo Social para desenvolvimento nacional.
É possível que de volta ao Congresso os entreguistas queiram fazer outros arranjos no sentido de privatizá-la. Se acontecer, tão ao gosto dos liberais, a maior parte dos extraordinários lucros será dos acionistas e não para a sociedade como um todo.
Vivemos, portanto dias decisivos. De quem será os dividendos e lucros dessa riqueza natural nacional.
Se ainda se manter como empresa pública, a sociedade poderá cobrar que as investigações continuem descobrindo e punindo os bandidos, que se proceda em ritos normais às apurações, julgamentos justos e eventuais cumprimentos de sentenças, mas principalmente que se busque rastrear o dinheiro da corrupção e trazê-lo de volta para o Estado.
Já se a Petrobras, até lá, estiver na esfera privada o que será feito dela e do seu patrimônio deixará de ser da nossa conta.
Acho que não devemos tomar atitudes no calor da ira e das contrariedades com as seguidas revelações de mal feitos na empresa. É preciso serenidade para tomar as atitudes certas. Sempre vale lembrar que os ‘mal feitos’ começaram bem lá atrás
Para nem ir tão longe, no governo FHC o salário médio dos níveis intermediários da administração foi aumentado muito acima da média apenas para controlar eventuais reações internas futuras desses profissionais contrários à privatização. Era a compra da fidelidade desses gerentes e superintendentes.
Esta fidelidade foi muito útil para dirigentes ladrões, pois, se algum subordinado detectava o roubo, ficava em silêncio para preservar suas vantagens. Some-se a compra do silêncio a conjuntura do crescimento de desempregados no país que causou o enfraquecimento de sindicatos e centrais sindicais. Se podiam ser eventuais fiscalizadores dessas altas direções não tinham força política para tanto. Ainda na mesma conjuntura, com o governo FHC também cresceu a contratação de terceirizados com salários aviltados, criando enormes dificuldades na resistência dos trabalhadores diante da precarização.
Também tem que ser creditado ao governo FHC ter retirado da Petrobras a obrigação de atendimento à lei 8.666 que rege as contratações no serviço público. Ou seja, relaxou os controles para buscar mostrar uma Petrobras mais ágil e lucrativa para facilitar a possível privatização futura.
Ainda a venda de ações da Petrobras na bolsa de valores de Nova York, medida tomada também pelo mesmo governo, com a assinatura concomitante de documento que compromete o grau de liberdade do Estado brasileiro na administração da estatal e dava o direito a uma entidade americana de fiscalizar a empresa e a depender do caso até aplicar multa foi mais uma medida contra a soberania do estado brasileiro.
O fato é que notícias de corrupção na Petrobras deveria ser manchete há décadas. Sobre a origem da corrupção na Petrobras, que o Ministério Público diz ter, no mínimo, 15 anos, é imprescindível a leitura do artigo do engenheiro Pedro Celestino, que está em: http://www.portalclubedeengenharia.org.br/info/em-defesa-da-petrobras.
Apesar dessa mãozinha pouco amiga do senador que abre as possibilidades de privatizar as atividades da Petrobras com forte risco de deixar de ser da nossa conta, e mesmo diante de toda essa lambança, a empresa não tem sua imagem maculada no quesito empreendedorismo; de investimentos rentáveis; de competência técnica e, inclusive, de ser motivo de orgulho nacional.
Chego a imaginar que o povo saberá compreender e diferenciar que os bandidos que a estão saqueando não devem ser confundidos com a instituição Petrobras. Essa, enquanto instituição supera obstáculos diários, como retirar petróleo de profundidades e em distâncias cada vez maiores, com o petróleo escondido abaixo de camadas incomuns que requerem tecnologia especial para ficar apenas neste exemplo. (JMN)

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