Presidente do Sindicato acusa falta de gestão na segurança

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A reportagem da GSM conversou com o delegado de polícia e dirigente sindical sobre a situação da segurança de uma forma em geral. O resumo dessa conversa você acompanha aqui.
Encerrando dois mandatos seguidos como presidente do Sindicado dos Delegados de Polícia Civil do Estado de São Paulo, George Melão reafirma com todas as letras que o atual governo do Estado é uma absoluta negação na gestão da Segurança Pública. Segundo ele o principal problema é a falta de uma gestão eficiente e equilibrada, mais que necessária e agravada por causa da defasagem de recursos humanos.
Melão lembra que o Diário Oficial do dia 30 de abril de 2016 indicou na página 11 do caderno Suplementos que faltam 14 mil profissionais na Polícia Civil, ou seja, de servidores que atuariam na secretaria ai inclusos oficiais administrativos. Só nessa categoria, algo em torno de cinco mil funcionários, o que força o gestor da delegacia, no caso o delegado, a utilizar investigadores e escrivães fora de suas funções principais para os serviços administrativos imprescindíveis para o andamento mínimo da delegacia.
Dr.Melão insiste que a dinâmica na secretaria de Segurança é de tampar o sol com a peneira. Na presença dos problemas o estado maior responde que tomou as atitudes e fez, mas não tem um planejamento de curto, médio e longo prazo indicando o que fazer; o que providenciar e que atitudes tomar para melhorar a segurança, principalmente do ponto de vista das necessidades do cidadão.
Enquanto as pessoas se sentem inseguras em circular sem serem abordadas, furtados ou roubados ou ainda vitimas de violências diversas, a secretaria, quando acionada diante da exacerbação dos problemas, toma medidas improvisadas e paliativas. “Se em uma determinada região os problemas estão muito acima do suportável, forças tarefas, deslocamento de efetivos comparecem ao local, realizam operações e com após a diminuição das ocorrências são remanejadas para outros locais em crise, quase na forma de bombeiros apagando incêndios”, esboça o delegado.
Para Melão com as mudanças de secretário de Segurança ou de delegado geral ou de comandos da Polícia Militar quase sempre o comportamento dessas instâncias mudam. “Quase sempre os novos titulares esquecem e mudam tudo o que vinha sendo feito e se esforçam para deixar suas próprias marcas o que interrompe a sequência dos trabalhos e denuncia a falta de um planejamento estratégico”, afirma Alias, para o dirigente sindical a falta de um planejamento estratégico o grande problema da secretaria de segurança em São Paulo.
Melão prefere se ater a questão local, do Estado de São Paulo e específica da área em que atua embora reconheça que problemas semelhantes ocorrem em todo território nacional com diferenças muito acentuadas entre si. Também tem a sabia compreensão que mesmo a questão da segurança do cidadão exige relações entre as distintas áreas do Estado como educação, assistência social, saúde para ficar apenas nessas três.
Ainda na fala de dirigente sindical, Melão sustenta que o governador Geraldo Alckmin (PSDB/SP) escolhe mal seus assessores nessa área indicando nomes sem grande conhecimento de causa, a maioria oriundos do Ministério Público. Exemplos não faltam e os fatos corroboram a opinião do dirigente.
Esses problemas estruturais e de ausência de gestão eficiente acarretam os problemas todos que aparecem na ponta ou nas delegacias onde é feito o atendimento ao cidadão, reconhecidamente deficitário. A falta de pessoal exige que outros tantos, notadamente policiais propriamente ditos sejam desviados de função dificultando o serviço fim de investigação e de polícia judiciária.
Os dados apresentados pelo delegado Melão indicam um desacerto entre a população residente no Estado crescendo e os cargos existentes na polícia definidos em 1994 e ainda com 14 mil cargos vagos entre os números definidos nesse ano, ou seja, dificuldades aumentando.
Outra critica do dirigente é a alocação de pessoal, principalmente investigadores nos distintos equipamentos que compõe a Secretaria de Segurança, a exemplo da Academia de Polícia, entre outras instâncias intermediárias que retiram da ponta, das delegacias, profissionais de polícia que poderiam estar em suas atividades fim que seja da investigação.
Com os dados expostos Melão reafirma a necessidade de o governo fazer as boas escolhas indicando gente que conheça as duas polícias, seus funcionamentos, o papel de cada uma delas colocando-as em seus devidos lugares. A PM para fazer o policiamento preventivo e ostensivo e a PC para fazer as investigações que é o papel da polícia judiciária. “Mas, de preferência de um secretário apoiado pelo governo que tenha orientação e força para acabar com as mamatas que ocorrem em alguns níveis nas duas polícias”, arremata.
Finalizando seu mandato, Melão disse que quando assumiu uma das grandes dificuldades era a falta de visibilidade do sindicato. Para superar essa deficiência promoveu durante seu mandato uma série de relações institucionais com os diversos segmentos que ter interface com o serviço policial visitando a Procuradoria Geral de Justiça, a Defensoria, as superintendências da Polícia Federal em São Paulo e outros sindicatos afins no Estado, além de algumas gestões junto a secretarias e ministério em Brasília. Desenvolveu, também, relações com a Ordem dos Advogados do Brasil, seção São Paulo e entre outras iniciativas promoveu cooperação, intercâmbio e cursos para a categoria. Chega ao final do mandato com o sindicato sendo reconhecido pela sua base e pelas instâncias com as quais se relaciona. Entre as suas principais realizações a criação da Federação dos Sindicatos de Delegados de Polícia Civil, onde o sindicato de São Paulo teve atuação e presença destacada.
No mais, Melão caminha para a finalização do seu mandato não demonstrando muita esperança, principalmente com os projetos que tramitam no Congresso Nacional. Todos, sem exceção, de interesses corporativos, não de interesse da segurança pública do cidadão, da sociedade. Para ele uma situação a se lamentar que junto com a falta de gestão eficiente pode fazer com que a situação da segurança pública, de uma forma geral continue a mesma se não piorar.

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