Se Temer descer, PSDB precisará resolver seus impasses

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Neste início de novembro, advogados da ex-presidente Dilma Roussef revelaram a existência de um cheque de R$ 1 milhão; pode ser mais não menos, não me darei ao trabalho de ver exatamente quanto que demonstra cabalmente o recebimento pelo Michel Temer de dinheiro fora do script ou caixa dois ou verba clandestina oriunda de malfeitos para campanha eleitoral. Prova cabal de que o atual presidente agora, mais que antes, está sujeito a ter seu mandato tampão cassado. O motivo tem amplo amparo na lei.
O que será feito com a revelação do malfeito é a questão. Até que ponto o grande acordão que reúne vários poderes e principalmente interesses poderosos, quase soberanos vão botar panos quentes nisso ainda precisará ser revelado. A tendência é que com a elite e os seus representantes tudo possa acontecer, desde abafar o caso, empurrando-o até o esquecimento, até inventar formas esdruxulas de saídas sem punição. Alias o mais provável nesse país craque em comédia.
O fato é que a lógica da operação e os interesses inconfessos do PSDB ganham mais força e munição. Conversas cheias de embasamento apontam que existe um plano nesse partido de continuar cozinhando o Michel Temer, que vaidoso, vai levando a vida em meio à agonia e o aproveitamento. Provas do aproveitamento vêm à tona quase todos os dias. É um tal de privilegiar seus próximos e de exagerar nos gastos dos cartões corporativos. Por ai vai.
Mas que plano é esse? Estão nas mãos do presidente do Tribunal Superior Eleitoral processos resultantes de investigações que demonstram que, também na campanha do Temer, sobram irregularidades. A legislação aponta que caso o Temer, por esses motivos, seja cassado este ano e isso é possível caso se cumpra a lei diante dos fatos e das provas apresentadas, uma nova eleição geral para presidente deveria ser chamada e nesta a população participaria. Muito arriscado para o PSDB.
A trama então é levar em banho maria esse assunto até o próximo ano, 2017, porque ai a legislação para substituir um presidente tampão, se cassado, implica em que este seja indicado pelo Congresso Nacional. Com a faca e o queijo em suas mãos, o PSDB só aguardaria sinais de que um dos seus figurões fosse o mais forte candidato para colocar ou não em andamento essa substituição.
Se o PSDB sentir que é a bola da vez e até poderá ser por eliminação, poderá lançar-se com candidaturas para substituir o Temer. Nomes como o sempre preterido senador Aécio Neves (MG), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (SP), sem mandato, são cogitados.
Por outro lado o PSDB não precisa exatamente apear o Michel Temer do governo para se dar bem, uma vez que este, pelos fatos apresentados, está com uma espada sobre a cabeça e não tem como negar benesses, favores e privilégios que o PSDB pedir. Tanto assim que no primeiro escalão, em ocupações estratégicas, lá estão eles. Poderão obter e estão obtendo o que querem por trás das cortinas.
O futuro do Temer, a ser cumprida a lei é de ‘tchau querido’. Se a lei será cumprida é outro ponto. O futuro do PSDB já nem tanto. Embora se sinta muito confortável onde e como está podendo tirar o que quiser do governo interino, ainda terá que num futuro próximo se submeter ao escrutínio popular, ou seja, ter votos nas futuras eleições. Se elas, as eleições diretas, acontecerão, também é um incógnita. Estamos num ponto de esculhambação tão grande que nem isso está absolutamente garantido.
Restará se ainda estiver funcionando, outra incógnita, as investigações da Lava Jato e correlatas dirigir seus jatos para todos os lados, indistintamente, o que ainda, até agora, não está acontecendo. Se por acaso e por justiça assim for, certamente o PSDB não sairá ileso, razão pela qual, em eleições livres deve amargar um pouco de punição.
Resumo, apesar de estar na crista da onda, com o Temer fragilizado, o PSDB ainda tem seus fantasmas. (JMN)

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