Segurança pública deveria ser prioridade total

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Com manchetes diárias, os recentes massacres nas prisões é fruto do descaso e da incompetência dos governos estaduais e federais que mantêm em uma mesma unidade prisional pessoas de diferentes facções. Apesar dos alertas da PF e do próprio Conselho Nacional de Justiça nenhuma providência foi tomada neste período em que essas organizações crescem exponencialmente.
A violência dentro dos presídios não é nenhuma novidade. Novidade será se essa violência que parece ter vindo para ficar trouxer reflexos para além dos muros, em nossas comunidades, no seio da sociedade. Se a questão da segurança é um dos principais problemas da atualidade essa situação poderá ainda ficar pior.
Enquanto e se essa ameaça faz sentido, não vemos nenhum sinal de medidas adequadas para resolver o problema, como, por exemplo, diminuir a população carcerária. Depois dos incidentes, os ministros da Defesa e da Justiça se reúnem em forças tarefas para reuniões e mais reuniões que não mudam a situação que do jeito que está é um fracasso. Mudam apenas os nomes e as reuniões e a ineficiência permanece.
Mas fiquemos alerta porque não dou mais que dois meses, quando essa crise cair no esquecimento, para tudo ficar como sempre esteve. Mudar o sistema carcerário para melhor não dá voto, não dá notoriedade, além do que, desconfio, os governos não se interessem pelo preso, tanto quanto a própria sociedade que quer mais que o preso morra mesmo, de preferência se matando uns aos outros sem levar em conta que a não ressocialização dos presos trás como consequência mais violência também aqui fora, aquela que nos atinge diretamente.
Especialistas dizem que as chacinas também têm aumentado em São Paulo por causa da guerra entre o crime organizado e ‘certa’ polícia, que de uma maneira geral não previne o crime, apenas reprime. Esses especialistas sustentam que se existem as facções, existem também grupos de extermínio dentro da polícia militar. Como as brigas entre facções em São Paulo não são percebidas em função do controle quase que absoluto de apenas uma das facções, em geral as ocorrências eventualmente envolvem a polícia, dizem.
Infelizmente a solução para parte desse problema está longe de acontecer porque as brigas se dão em função do montante de dinheiro envolvido. Os grupos criminosos querem aumentar seus lucros disputando o controle do tráfico, da comercialização e distribuição da droga em todo território nacional e nas fronteiras.
Na possibilidade dos conflitos pularem os muros das cadeias e ganhar as ruas das cidades, quem estará sempre vulnerável serão os cidadãos de bem que, sim, devem continuar a depender e prestigiar a polícia como instituição e ficar ao lado daqueles agentes de lei que agem adequadamente dentro de suas prerrogativas.
Se saídas como a construção de novos presídios parece que nunca vão dar conta de abrigar tantos criminosos condenados é preciso pensar que população carcerária é essa e se o encarceramento de tudo e de todos é a melhor saída. Partamos do princípio de que todo aquele que acaba indo preso, acaba mesmo a contragosto, tendo que se aliar a alguma facção até por uma simples questão de sobrevivência. Conclusão: quanto mais presos, maior o poder das respectivas facções.
Outra observação que dá o que pensar. Os crimes ligados ao controle do tráfico e ao tráfico de drogas estão crescendo, mas o que se vê é que os presos, em geral, são as pessoas da periferia que potencializam esse número. O que as estatísticas e a população carcerária chamam de traficante é aquele pé descalço, sem camisa que mora em favelas, em comunidades. “Apenas peões do tráfico”, dizem; sendo que a minoria dos grandes traficantes nem sabemos quem é.
Não são viáveis penas alternativas, enquanto se busca usar melhor os serviços de inteligência para ir atrás dos grandes traficantes? Sei lá, menos gente na cadeia, menos problemas. O problema é que também não se pode deixar impune qualquer tipo de crime. Ou seja, a segurança pública é assunto de prioridade total. (LM)

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