A triste saga dos moradores do Córrego do Germano continua

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Moradora do Jardim Colonial desde 1991, Marlene de Fátima Tofoletti recebeu e conversou com a reportagem mais uma vez, agora em março de 2013 para tratar da mesma pauta: a precariedade da situação do entorno do Córrego do Germano que, tempos atrás, até foi ‘ameaçado’ de ser canalizado. Como ela, dezenas de outras famílias estão perdendo aos poucos as suas moradias, principalmente pelo assoreamento do córrego, desvios de percursos e ocupação intensa e irregular de suas margens. Há casos visíveis de casas que já não permite a ocupação de seus cômodos. Marlene diz que a situação já não é a mesma. É mais grave.
O Córrego do Germano é um dos micros afluentes do Córrego Aricanduva que já foi muito mais famoso nas épocas de chuvas intensas na cidade.
Liderança atuante participa do conselho de segurança local e moradora na Rua Francisco de Santa Maria, Marlene já não sabe mais por quanto tempo vai poder permanecer no local. A sua casa, da qual paga imposto regularmente está sendo assoreada e escavada por baixo, em suas bases.
Não foi a partir de sua casa e de outras próximas que o córrego foi sendo estreitado, entretanto o adensamento populacional e algumas reformas aqui e acolá com o tempo trataram de ir assoreando o que era o leito de um rio, agora córrego, por onde, reconheça-se muita gente ainda dispensa irresponsavelmente seus detritos e lixo.
Se nos anos 60 a água era limpa ela agora é suja e possivelmente até contaminou parte do lençol freático mais raso, uma vez que praticamente todo o Jardim Colonial foi construído sobre um solo com bastante umidade. É comum ver após as chuvas, durante o processo de secagem do solo, água brotando por baixo de parte do asfalto. “O asfalto demora a secar. Fica brotando água”, dizia ela, em uma das reportagens anteriores. Vale observar que essa é a terceira reportagem da Gazeta com o mesmo assunto dada a gravidade da situação.
Em outra oportunidade, Marlene comentava que a falta de fiscalização e intervenção da prefeitura coibindo construções irregulares fez com que o rio fosse sendo agredido tendo se transformado em um canal de esgoto. Com as chuvas deste período as águas servidas, lixo e esgoto se misturam e para piorar, sem drenagem adequada fazem todo esse excesso voltar para as próprias residências atingindo quintais e cômodos inteiros.
Os pedidos de canalização começaram há mais de vinte anos
Se os pedidos já tem todo esse tempo, dá para se preverx há quanto tempo à comunidade está instalada e se ampliando. Em certa ocasião, lembra a liderança tramitou um pedido de estudos para canalização feitos pela Prefeitura e pela Siurb – Secretaria de Infraestrutura Urbana, entretanto quando da avaliação in loco feita por técnicos e engenheiro ficou definido que a localidade não estaria em condições de receber à canalização o que fez interromper todo o processo que se iniciava e que, para ela, precisa ser retomado. Sinais de que a retomada seria feita, nenhum.
Ao final do ano de 2013, entretanto, algum alento chegava à comunidade. Reportagem do período alertava que era cedo para alguma comemoração. De fato, a modesta intervenção no local não mudou de modo significativo a situação que se agrava em velocidade ainda maior. Um pequeno trecho do córrego entre as ruas André de Almeida e Baltazar dos Reis recebeu atenção, mas não deu conta da totalidade dos problemas.
Foi nessa mesma época que se previa a licitação para obras em duas etapas de 150 metros cada. Foi a mesma que deu em nada.
Hoje, a comunidade comporta mais de três mil moradores entre o Parque Colonial e Jardim Colonial que de parque e jardim não tem absolutamente nada.
As gestões passam e o problema prossegue
O assunto tem sido debatido ou cuidado com maior ou menor atenção por pelo menos três ou quatro subprefeitos recentes. Fiquemos apenas na lembrança do Clóvis Chaves ; na era dos coronéis, o engenheiro Fernando Elias que conhece o tema há tempos e mais recentemente com Fábio Santos . Desse último, entretanto, pouco pode se afirmar, haja vista que, segundo Marlene a comunidade ainda não conseguiu agendar uma conversa com este sobre o assunto. “Tentativas de agendar com ele não tem faltado, mas sempre há um intermediário que não consegue fazer esse agendamento”, queixa-se.
Uma obra necessária
O fato é que aquelas comunidades praticamente tem a mesma idade do bairro São Mateus. Foram se formando juntos. São, portanto, pelo menos mais de 60 anos. Onde, um dia foi possível beber água na fonte, agora pernilongos, ratos, esgotos fétidos, sujeiras de várias espécies tomam conta do lugar. A comunidade, claro tem tantas outras carências, mas a canalização parece ser a mais importante. Tanto é assim que se supõe que ela esteja ao lado de umas duas ou três outras que foram indicadas como prioridades quando foram elencadas as demandas de todo o bairro.
Se, será contemplada, é uma incógnita. A liderança e a comunidade persistem, mas não conseguem saber quanto tempo mais poderão continuar por ali com os problemas que se agravam.
(LM/JMN)

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