Aumenta o abandono de animais durante a epidemia do coronavírus

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Setores estão contratando profissionais para atender demanda criada com a pandemia do novo coronavírus e o confinamento da população

A epidemia do novo coronavírus chegou trazendo medo, perdas, dificuldade financeira e mudanças na rotina. Famílias inteiras, incluindo os animais de estimação, precisaram ajustar a convivência para enfrentar os dias de isolamento em casa. O pico da covid-19 ainda nem chegou, mas as consequências já começam a ser notadas: disparou o número de cães e gatos abandonados.

Boa parte da população perdeu o emprego ou teve o trabalho reduzido, deixando ainda maior a preocupação com o futuro. A primeira providência é cortar os gastos, claro. E logo em seguida dar um fim no animal de estimação. Não quero debater a dificuldade de cada um, nunca passei fome para ter o direito de falar.

Meu ponto é a forma como as pessoas descartam cães e gatos. Sempre de forma cruel, sem um pingo de sentimento e na ilusão que os problemas somem como um passe de mágica

Prova disso é que não recebi nos últimos dias nenhuma mensagem pedindo ração, um apadrinhamento ou qualquer pedido de ajuda de alguém que tenta manter o bichinho em casa.

Pelo contrário, são só pessoas querendo descartar, contando suas desculpas e ameaçando abrir a porta se não houver uma resposta o quanto antes. Fora os que largam amarrados no parque, em praças ou jogam pela janela do carro na estrada.

As ONGs estão lotadas. Além da queda nas doações, estão recolhendo a responsabilidade que as pessoas andam deixando para trás. E não adianta justificar que é desespero porque crueldade não coloca de volta comida na mesa.

Outro grande problema do abandono é a desinformação. São muitas perguntas sem resposta sobre a forma de contágio do novo coronavírus, principalmente relacionadas a cães e gatos.

Um estudo do Instituto de Pesquisa Veterinária de Harbin, na China, apontou que animais domésticos podem se contaminar, mas não há evidências da transmissão entre si e para humanos.

“Infelizmente, algumas pesquisas internacionais estão sendo divulgadas sem os devidos esclarecimentos e causando esta onda de abandono, principalmente de gatos. Os trabalhos possuem muitos viés científicos, técnicas questionáveis e baixa amostragem. Ainda é muito cedo para determinar a ação do vírus em pets e possíveis transmissões”, explica a veterinária Janaína dos Reis.

Ou seja, até o momento, não há provas de nada. Como alguém descarta o bicho que está há anos na família por algo não confirmado? E se a contaminação vier de alguém na fila do mercado? Aí tudo bem?

Nosso papel é cuidar das vidas mais próximas, e não tirá-las da frente. Seja um parente, um idoso, um vizinho, um amigo, o cachorro ou o gato. A pandemia é uma novidade para todos, vamos encarar isso juntos começando pelo amor dentro de casa.
ABANDONO ANIMAL

A prática de abuso e maus-tratos animais é tipificada no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais, tendo como pena a detenção de três meses a um ano, além de multa. No Estado de São Paulo, com base na Lei Estadual n.º 16.308/016, se comprovado os maus-tratos, o agressor fica impedido de ter a guarda de um animal doméstico por 5 anos.

“A população pode e deve ajudar o Poder Público na busca por estes agressores. São vários canais: a lavratura do Boletim de Ocorrência na delegacia mais próxima e a ligação para o 190. Em SP, tem ainda a opção de denúncia na Delegacia Eletrônica de Proteção Ambiental – DEPA e no site do PROCON-SP“, orienta o delegado Bruno Lima. “Abandonar é crime, respeitar é obrigação, amar é escolha”, finaliza.

Do R7

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