Como o home office muda a relação entre patrões e seus funcionários

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Com mudanças causadas pelo coronavírus, trabalhadores vivem momento de incertezas sobre futuro. Executivo dá dicas de como lidar nesta situação

O novo coronavírus está mudando a rotina dos brasileiros e colocou muitas empresas em regime de home office. Como a modalidade ainda não é comum em diversos locais de trabalho, a preocupação sobre possíveis quedas nos resultados e consequentes demissões aflige funcionários. O novo cenário pede diferentes condutas dos chefes e cuidados específicos por parte da empresa com os contratados.

“Com todo carinho e respeito que merecem. O papel das organizações, não só do RH, é fazer com que as pessoas se sintam seguras, porque o momento é de incerteza. A organização precisa dar esse senso de segurança, compreensão e empatia, ainda mais em um ambiente do home office, que muita gente não está acostumada”, diz Monteiro.

Com a mudança, ele comenta que quedas de rendimento são comuns, e que é preciso ter paciência com a adaptação nesses períodos. “A produtividade cai porque as pessoas fazem atividades que não estavam habituadas. E é bem razoável que aconteça”, avalia.

De acordo com o psicólogo, ‘mimar’ funcionários é uma saída para tranquilizar a situação: “Quem não gosta de receber um mimo? [É importante] saber que as pessoas estão com incertezas. E essas são horas de mostrar cuidado, carinho e afeto com essas pessoas”.

Como manter rendimento e se fortalecer

Se o caminho para empresas e seus profissionais pode ser tortuoso na fase de adaptação a esta quarentena, a disciplina e organização são as orientações para que não haja queda de rendimento – ou ao menos para que ela seja amenizada. Saber aproveitar o horário fora do expediente com outras atividades diárias, segundo Denys, pode ajudar as pessoas se concentrarem no momento do trabalho.

“Quanto mais disciplinadas, mais produtivas as pessoas tendem a ser. A produtividade cai porque elas fazem atividades que não estavam habituadas. Precisamos dessa disciplina para que a agenda seja mais efetiva”, afirma o executivo.

Sobre a atuação das chefias, ele considera que “liderança, sobretudo no mundo virtual, onde as pessoas precisam ser efetivas, exige franqueza, objetividade, transparência e empatia”.

Outro conselho de Denys às empresas é que busquem, dentro das possibilidades, a manutenção de seus talentos. “Há segmentos que são mais resilientes, como supermercados e farmácias. Para os outros, é necessária uma visão de médio a longo prazo”, pontua o executivo, que conclui:

“Quem vai sair vencedor da crise é aquele que equilibrar as necessidades de curto prazo com a estratégia de médio e longo. É importante segurar seus melhores talentos e fortalecer esse elo, porque serão eles que farão a companhia sair da crise. Nem sempre demitir é a melhor opção em momentos como esse.”

Home office pode ser mais frequente?

Embora seja uma modalidade em crescimento no país, o home office ainda não é comum a todos brasileiros. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados no ano passado, 5,2% dos trabalhadores atuavam na modalidade de teletrabalho no Brasil em 2018. Denys avalia que, por diferenças geracionais, ainda há executivos relutantes com o trabalho remoto, mas isso deve mudar.

“Minha geração é mais do comando e controle, aqueles que gostam de ver as pessoas no escritório, mas o escritório não é essencial. Haverá uma mudança de paradigma para muita gente, que terá de se adaptar a essa realidade. Muitas empresas vão se questionar se pagar 2.000 metros quadrados na [Avenida Brigadeiro] Faria Lima ainda vale a pena. Empresas pelo mundo já têm funcionários em até 20% do tempo trabalhando em casa”, afirma o executivo.

Para ele, essa mudança pode resultar em economia de tempo e dinheiro: “assim, se evita desperdícios de tempo, energia e dinheiro em deslocamentos em uma cidade como São Paulo, onde se pode perder em média duas horas produtivas”.

Monteiro acredita que o mais importante é que os trabalhos sejam entregues com a qualidade e o prazo estabelecidos. “Agora, se devem estar com o corpo dentro do escritório ou não, tanto faz”, conclui.

Por Guilherme Padin

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