Investigados, governantes falam em melhora; não acredite

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A economia vai bem, é o que dizem os titulares das pastas Fazenda e Planejamento no governo federal, mas há reservas; esse vai bem tem endereço e perfil. Concretamente ainda não vai bem o suficiente tanto quanto o desejado para os setores que lucram. O pouco que está melhorando é destinado aos rentistas de capital, investidores de especulação, a certos segmentos produtivos, ao empresariado em geral. Se não ainda com vigor suficiente para oferecer margens de lucro generosas, pelo menos alguma segurança que os caminhos que sendo desenhados pela política econômica do governo atual serão promissores.
Mas não há almoço grátis. Sem que a economia esteja vigorosa, só pode manter rentável uma das duas partes da equação composta pelo mundo do trabalho e pelo mundo que explora os frutos do trabalho. Fica evidente que no quadro e na condução atual é o primeiro que está sendo prejudicado.
Considere-se ainda que o Estado brasileiro, diferente do que se prega no liberalismo, tem papel sustentador importantíssimo, do ponto de vista fiduciário mesmo, amparando as atividades empresariais. Tomou partido e lado; a dos empresários e vem operando nessa direção promovendo cortes profundos em direitos dos trabalhadores, encaminhados através de sua reforma trabalhistas e no sistema de seguridade social atingindo de forma injusta a previdência social de onde alguma garantia mínima ainda se tinha.
Se alguma dúvida surgir de que os ventos sopram nessa direção esqueça e não se iluda. A elite está em festa; consegue ver fortes sinais de que o seu mundo encantado está sendo descortinado. Garantias de empregabilidade; garantias de que poderão usufruir de justas aposentadorias, garantias de tratamento igualitário e justo para o povo trabalhador e a sociedade em geral estão sendo desabilitadas por obra e graça de uma grande movimentação do capital em retomada do controle da política e da economia no país. É a hora e a vez dos patrimonialistas, aqueles que sempre foram donos do Brasil, retomarem as rédeas e darem as cartas.
O que mais salta aos olhos, entretanto são os aspectos políticos da coisa toda. Nunca antes nesse país se viram reveladas tantas lambanças, tantos ajeitamentos de situações entre os políticos que dominam a cena, mancomunados com a falta de isenção dos tribunais e a omissão com a verdade da grande imprensa, esta ultima por causa mesmo de seus interesses financeiros. A negativa de Michel Temer a responder questionamentos da Polícia Federal, o julgamento com cartas marcadas no Tribunal Superior Eleitoral sobre eventuais irregularidades na campanha eleitoral de Dilma e Temer em 2014 absolvendo-os, mesmo diante de robustas provas indicam cumplicidades.
Ou não tem sido possível ver e ouvir nesses dias que o presidente Michel Temer é forte suspeito em atos de corrupção? O certo é que dai pra baixo parece que não sobra nada, principalmente na base de apoio dele ou não sabemos que mais de sete então ministros do Temer foram flagrados em tenebrosas transações em hercúleos esforços para escapar de investigações?
Se o artigo permitisse escreveria aqui um enorme palavrão para descrever a ira que expressaria o sentimento do grosso da população de bem; daquela que nessa situação perde e tem sempre mais a perder, apesar do pouco que tem, quando comparamos com o ‘dinheiro de gorjeta’ que esses safados recebem e pagam com o nosso dinheiro.
Onde não cabe palavrão, cabe à chamada a reflexão. Não nos iludamos com a melhora cantada em verso e prosa da situação do país. Não havendo almoço grátis fique com a certeza que a conta é sua, minha, nossa, o golpe está em curso.
O que tem sido feito nesse país em termos de reforma e da nossa moral diante dos olhares do exterior levará muito tempo e muita necessidade de organização para ser revertida. (JMN)

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