Os incêndios fazem parte do ecossistema da Amazônia

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Outro fator que deve ser levado em conta para entender quão difícil vai ser recuperar as áreas afetadas é que os incêndios na Floresta Amazônica não ocorrem naturalmente.

“É preciso que alguém coloque o fogo. Ao contrário de ecossistemas como o Cerrado, a Amazônia não evoluiu com o fogo, e ele não faz parte da dinâmica dela”, diz a pesquisadora Erika Berenguer, da Universidade de Oxford, à BBC News Brasil.
“Em várias partes do mundo, o fogo faz parte do ecossistema. Mas na floresta tropical, as árvores não estão preparadas, nunca experimentaram incêndios”, acrescenta Malhi.

“Assim, mesmo pequenos focos de incêndio são capazes de matar muitas árvores. Isso pode ser muito nocivo.”
A pesquisadora Claire Wordley compartilha da mesma opinião.

“Há regiões, como Austrália ou algumas partes dos EUA, que estão preparadas para lidar com o fogo, mas a Amazônia não tem essa mesma capacidade. A América do Sul é uma das regiões que se recuperam mais lentamente dos incêndios”, afirma.
Estudos que analisam as queimadas na Amazônia mostram que, mesmo três décadas após serem atingidas pelo fogo, as florestas queimadas têm 25% de carbono a menos do que aquelas que não foram alvo das chamas.

“Isso mostra que precisamos de décadas ou até mesmo de centenas de anos para que as florestas se recuperarem de um incêndio”, avalia Berenguer.

Ela explica que as árvores da Amazônia não têm mecanismos de defesa contra o fogo – as cascas não são grossas, têm apenas poucos milímetros -, o que faz com que a mortalidade das árvores seja muito mais alta.
“Essa falta de proteção ao fogo na Amazônia significa que a mortalidade de árvores é muito alta. Se uma área de floresta queima, até 50% das árvores dela morrem”, acrescenta.

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