Lula condenado pode desaparecer ou sair fortalecido

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenado em segunda instância por lavagem de dinheiro e corrupção passiva poderá ter sua candidatura à Presidência da República barrada pela Lei da Ficha Limpa. A decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no dia 24, nesse quesito da inelegibilidade ainda não é o último round. Advogados de defesa de Lula vão entrar com embargos de declaração na mesma instância. Apesar do entendimento do Supremo Tribunal Federal de que o cumprimento da pena pode começar apos essa decisão do TRF4, não é o mesmo que deve. O próprio STF planejava rediscutir em breve esse assunto.
Enquanto estiver em liberdade o PT deve lançá-lo pré-candidato e ele poderá rodar pelo país fazendo proselitismo com a lembrança dos bons momentos de seus governos anteriores e apontando as dificuldades atuais, principalmente no quesito da falta de empregos com carteira assinada e das ameaças com a reforma previdenciária, entre outras.
Também deverá explorar o estranhamento com relação ao comportamento do Judiciário e da mídia com relação ao ‘alívio’ com outros tantos políticos que foram envolvidos em casos de corrupção e não estão sendo investigados pelo STF por causa de seu foro privilegiado. Aécio Neves, Michel Temer, por exemplo, para ficar em dois expoentes numa turma que cresce dia a dia. É certo, também, que Lula deixará de citar outros nomes altamente suspeitos, mas que poderão ser seu aliado.
Nessas andanças, também não faltará a Lula continuar se comparando a outras lideranças importantes como Mandela, da África do Sul em tempos mais recentes e a Tiradentes, em tempos passados, enforcado por conspirar pela independência do Brasil alimentando a aura de mártir injustiçado que também é combustível eleitoral.
O certo é que seus advogados já preparam pedido ao Supremo Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal para suspender por via liminar os efeitos da condenação do dia 24. Pedirão, também, habeas corpus para manter Lula fora das grades. Nesse sentido enquanto esses recursos estiverem em trânsito ele, Lula, como qualquer brasileiro em determinadas condições, estará apto a concorrer.
O PT diz que sim; preso ou solto a campanha é com o nome Lula, mas é duvidoso. O mais provável é que o PT e seus aliados tentem construir um clone fermentando algum nome pensando em uma futura transferência de votos que seriam de Lula pra o clone. Jaques Wagner, ex-governador da Bahia e Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo são alguns nomes. Dificilmente o PT cederá a janelinha para qualquer outro nome promissor nesse campo, por isso é pouco provável o PT em papel secundário em uma improvável aliança.
O fato com que se tem de lidar é que não parece viável nenhuma candidatura competitiva de esquerda tendo Lula na disputa com o patamar histórico de votos que tem.
Como da condenação é difícil recorrer com sucesso dois cenários.
Preso, Lula vai investir na imagem de injustiçado que continuará sua luta em cárcere no sentido de redimir no futuro o país. Não se sabe como a sociedade e o povo vai ser influenciado por isso, mas não se duvide da construção de um novo ‘padrinho messiânico’.
Solto, Lula vai insistir na injustiça, vai denunciar o tratamento diferenciado com relação a outros suspeitos, as lambanças do governo interino e também avisar, se martirizando, que vão querer tirá-lo da disputa por medo de sua vitória. A tônica da conversa pública para a grande massa será essa, mas no detalhe é muito provável que Lula, assimile os dissabores e se reconcilie com a classe política, a mesma que quer a derrota do PT, com o mercado e com o setor produtivo. Passos bem diferente do que espera e esperaria uma parte da esquerda. (JMN)

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