Casa da Lili leva atendimento e resgata auto estima de mulheres vítimas de violência

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Um dos desafios ainda é a falta de confiança na efetividade da legislação que, muitas vezes, impede a mulher de denunciar o agressor

Agosto traz duas importantes datas: a Campanha Agosto Lilás de combate à violência contra a mulher e os 16 anos da Lei Maria da Penha, criada para dar assistência às mulheres vítimas de violência física, sexual, psicológica, moral ou patrimonial.

Para falar sobre o papel do terceiro setor na causa, a diretora do jornal Gazeta São Mateus Lucy Mendonça entrevistou a fundadora e diretora da ONG Casa Lili – Ação Social Mulheres em Ação, Aureni Ferreira de Jesus, mais conhecida como Lili. A entidade criada há mais de seis anos no bairro Rodolfo Pirani atende mulheres de toda a região.

A instituição nasceu do sonho da assistente social que vivenciou esse tipo de violência há 25 anos pelo pai e o ex-marido. Atualmente, Lili cursa psicologia para atender melhor esse público.

“Eu não tive apoio na época porque o machismo imperava ainda mais, então resolvi estudar para auxiliar as vítimas desse tipo de abuso”, revela. A Casa Lili conseguiu a formalização para atuar como ONG a pouco mais de um ano e está apta a elaborar projetos e buscar investimentos.

“As nossas leis cada dia ficam piores, as mulheres têm medo de denunciar por não se sentirem amparadas. A medida protetiva instituída com a Lei Maria da Penha infelizmente não vale em muitos casos.

Eu recebo praticamente todos os dias uma mulher que está sofrendo”, cita.

De acordo com a Lei Maria da Penha, o agressor que descumprir a medida protetiva pode ser preso em um período de três meses a dois anos, mas, na prática, a prisão é a última etapa do sistema.

AUMENTO DE CASOS

O relatório “Elas Vivem” da Rede de Observatório da Segurança aponta aumento de 27% desses crimes no estado de São Paulo em 2021; é o estado com maior registro de agressões e feminicídios: 929 casos de violência contra a mulher e 157 feminicídios. Pelo menos 65% dos feminicídios foram cometidos por companheiros ou ex. A pandemia contribuiu para agravar o cenário.

Lili destaca um dos casos que mais a impactou. Uma mulher e os quatro filhos foram mantidos por quatro anos em cárcere privado pelo companheiro. “No dia que resolveu fugir e procurou o 49º DP, o delegado de plantão negou ajuda porque o marido dela havia comparecido antes. Tive de ir com ela em outra delegacia registrar o boletim de ocorrência; o agressor está livre andando por aí. Estamos tratando dela e dos filhos, a família está muito abalada”, declara.

Para ela, é preciso uma mudança urgente no código penal e uma reestruturação na abordagem e atendimento prestado às mulheres vítimas de violência doméstica nas unidades policiais.

ACOLHIMENTO

Atualmente, a Casa Lili atende 100 mulheres. O projeto oferece atendimento jurídico e social, cursos de crochê, artesanato, manicure e pedicure. O local tem palestras sobre álcool e drogas, educação sexual, terapia em grupo e acolhimento. A entidade planeja ampliar o atendimento.

Para aquelas que estão passando por essa situação, Lili Ferreira aconselha: “Temos de nos respeitar, gostar mais de nós mesmas, estudar, ser independente. Não tem sentido ficar com um homem por causa de um prato de comida. A Casa Lili é para acolher todo mundo”, finaliza.

CASA LILI – AÇÃO SOCIAL MULHERES EM AÇÃO

Endereço: Rua Severino de Freitas Prestes, 331 – Jd. Rodolfo Pirani, São Mateus (tel: 97782-7781). Atendimento de segunda a sexta, das 9h às 17h.

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