Colégio Souza Gouveia promove palestra orientando os pais

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Colégio Souza Gouveia promove palestra orientando os pais

O Colégio Souza Gouveia promoveu no dia 16 de março para os pais dos alunos da escola, uma palestra a respeito das responsabilidades destes quanto aos riscos de isolamento social na família e também e, principalmente, pelo uso intensivo individual das redes sociais. Você sabe dizer não ao seu filho na medida certa? Limites e autonomia foi o título da palestra proferida pela pedagoga, mentora e mantenedora do Colégio Souza Gouveia, Rose Gouveia. Dezenas de pais participaram inclusive a reportagem.

Dias depois, Lucy Mendonça, diretora do jornal, conversou com a pedagoga por considerar a palestra muito boa e de onde destacamos o que mais importante foi dito.

LM – Rose você fez uma palestra para os pais no colégio sobre dizer ‘não’ aos seus filhos. O fez enquanto educadora e mantenedora da escola e observei que está preocupada com o atual momento da educação, com os riscos de solidão e depressão de alunos e com o uso intenso do celular nas redes sociais, queria ouvir de você um pouco sobre

Rose – De fato tenho uma preocupação com a atual geração que está envolvida em tanta tecnologia que acaba distanciando as famílias e que leva a desestruturação familiar. Os pais não tem tempo, precisam trabalhar e às vezes fica muito tempo fora quando deixam filhos em creches, escolas, com babás ou avós. Alguém acaba sendo cuidador, com isso se terceiriza a educação e a criação de filhos

Lucy – E isso é ruim para família,

Rose – Sim, além do que tem outros tipos de equívocos por essa ausência. Tem pais que acham que é obrigação da escola educar e ensinar tudo ao seu filho se ausentando de suas responsabilidades e não é bem assim que as coisas têm que ser. As escolas recebem crianças de todo o jeito, algumas nervosas, agitadas, solitárias outras tantas sem modos e comportamento adequado algum. Na maioria das vezes os pais, sem tempo, mas principalmente por desinteresse em dialogar com filhos, vai os ‘premiando com celular, tablets, jogos etc’., como forma de contê-las e ‘acalmá-las’.

Lucy – E o diálogo nos dias atuais é mais que necessário e isso você enfatizou bem na palestra.

Rose – Exato, mesmo porque os pais, às vezes, são muito protetores e tentam colocar seus filhos em redomas de vidros. Essa superproteção apesar de ser compreensível não prepara a criança ou adolescente para a vida real, para as frustrações que a vida vai aprontar; não os prepara para vivenciar momentos de dificuldades e desafios. Se seu filho caiu, ajude-o, mas deixe-o fazer seu próprio esforço para se levantar. Não se deve ficar protegendo de tudo, isso vai gerar um adulto frágil, egoísta e desesperado

Lucy – Essa situação e esse jeito de criar filhos é coisa recente; em outros tempos não era bem assim, não é?

Rose – De fato, vemos as gerações atuais, digo, as mais recentes, são bem diferentes e não dá para dizer que essa diferença sempre é para melhor. Antigamente o respeito que se tinha com professor era algo a ser admirado; hoje respeitar o professor não é algo a ser cultivado e esse é outro grande erro. Se antes os pais orientavam os filhos a respeitar o próximo, o professor, a fazer a lição de casa, hoje até sem conhecimento do caso, pais tomam partido das queixas de seus filhos quando são repreendidos em ambiente escolar por professores ou direção, e também, de forma equivocada, alguns vêm tirar satisfação do corpo docente, desautorizando totalmente professor e direção sem sequer se permitir ouvir a versão do que exatamente aconteceu.

Hoje encontramos uma situação e, lembrei isso na palestra, onde são as crianças e adolescentes que mandam nos pais, bem diferente de outros tempos. Hoje os pais, pensando que são compreensivos e generosos, perguntam o que querem comer, quando, onde querem sentar. Até pode parecer apropriado, mas sem limites, organização e rotinas leva-se ao mimo e criança mimada será adulto despreparado.

Lucy – Na palestra você também enfatizou bem o quão prejudicial pode ser o uso excessivo das tecnologias de comunicação atual, fale um pouco sobre isso.

Rose – Praticamente mudou em tudo a forma de educar e criar os filhos essa disponibilidade das redes sociais, digamos assim. Hoje com qualquer smartphone a criança consegue participar das redes sociais onde tem de tudo. Tem informação, mas muita desinformação. Tem coisas boas e uteis e tem muita coisa ruim. E ai é que mora o perigo; com a falta de maturidade criança e adolescente pode ser seduzido por ideias, propostas e comportamentos não muito apropriados. Foi esse um dos alertas da palestra.

Lucy – Você sugere que os pais ou responsáveis ficarem atentos ao uso dos celulares pelos filhos?

Rose – Exatamente, não pode perder o controle disso. Não pode a pretexto de dar liberdade e manter os filhos ‘calmos’, se ausentar de saber o que seus filhos estão vendo e vivenciando nas redes. Claro que na medida certa, que não seja excessivamente proibitiva, mas vigiar e acompanhar sempre. A gente sabe que a rede social tem de tudo desde sexo e noções equivocadas sobre isso até crimes, misoginia, racismo, desrespeito diversos e por ai vai. Os pais não podem se furtar em saber que esse risco é muito grande e se ausentar de dialogar com os filhos.

Lucy – Ou seja, tem que participar ativamente e interessar-se pela vida dos filhos não apenas superproteger?

Rose – Os pais que trabalham fora ficam sem tempo e quando chegam a casa, a depender do tipo de família, vai cada um para um lado usar as redes sociais, tevês ou outra distração individual. Por vezes as crianças até querem conversar, contar sobre uma coisa ou outra, mas os pais não percebem ou não são receptivos. Até por isso, às vezes, as crianças e adolescentes tem comportamentos agressivos para chamar a atenção dos pais.

Esse é o grande erro que pais na geração atual estão cometendo. Não dispor de tempo para o diálogo, ter presença e o convívio com os filhos. Não basta dar um aparelho e deixa-lo por sua própria conta como as gerações anteriores davam um chocalho à criança para distraí-la. Nos tempos complexos que vivemos não dialogar e não viver situações comuns agradáveis e também, as nem tanto, com os filhos e educa-los para o convívio em sociedade é um dos principais erros que se pode cometer.

Lucy – Pra finalizar qual conselho queria reforçar aos pais?

Rose – Além do que já apontei como forma de evitar erros graves deve-se estabelecer algumas rotinas e gerenciamento de tempo dentro de casa. Negociar e estabelecer limites para o uso; definir momento de brincar e de a família estar juntos. Envolver os filhos em tarefas de casa, pedir ajuda e dar limites. Os pais tem que resgatar isso tudo para que seus filhos sejam adultos centrados e responsáveis. Os perigos e as seduções das redes sociais é algo a ser monitorado pelos pais.

Desenvolver o hábito de ser pai e mãe que pega na mão, ajuda a levantar, mas também estimula os filhos a superar seus próprios obstáculos. Resolver tudo para eles é criar um adulto frágil e mimado. Acompanhe e os preparem para os revezes da vida que eles virão. Ou seja, converse e conviva sempre e cada vez mais com seus filhos. Não é papel de a escola fazer isso, muito menos das redes sociais. Esse foi o sentido mais geral da palestra.

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