Com 100 milhões sem esgoto, saneamento é desafio em pandemia

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Presidente do Instituto Iguá de Sustentabilidade defende medidas de gestão comunitária para universalização do saneamento básico

Se, por um lado, a demanda mais básica para lutar contra a contaminação pela covid-19 é o simples ato de lavar as mãos, no Brasil, o hábito é praticamente impossível para pelo menos 35 milhões de pessoas que vivem sem água encanada e 100 milhões sem coleta de esgoto.

“Partimos de um cenário desafiador com ou sem pandemia”, é o que explica Renata Ruggiero, diretora presidente do Instituto Iguá de sustentabilidade. Ela aponta como “omissão histórica” o atraso na discussão sobre a universalização do saneamento básico no país. “Em 2020 temos um cenário no qual 17% da população não têm acesso a água e 48% não possui coleta de esgoto, dividindo-se entre 20 milhões nas áreas rurais e 15 milhões nas áreas urbanas. Quando a orientação para combater a pandemia é reforçar hábitos de higiene, essa população se sente invisível.”

Marco do saneamento básico

Com a pandemia do novo coronavírus, marco regulatório do saneamento básico previsto no projeto de lei 4.162 entrou nas prioridades de análise do senado, O projeto, que possibilita a entrada de capital do setor privado, tem enfrentado resistência dos governadores de todas as regiões do país, que argumentaram que as licitações levariam a desvalorização de empresas estatais do setor.

Para a diretora do instituto de sustentabilidade, o marco permite arranjos para municípios que não possuem viabilidade econômica para investir em saneamento, mas defende que ainda faltam soluções descentralizadas e modelos de gestão comunitária.

“Falta uma agenda de inovação”, explica. “Quando apenas focados em infraestrutura, 50% dos investimentos em saneamento ficam sucateados por falta de gestão, que pode ser feita pela própria comunidade se capacitada.”

Por Nayara Fernandes

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