Os ipês embelezam em São Paulo

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Falar da florada dos ipês é chover no molhado. Eles estão aí, espalhados pela cidade, não precisam de arautos, nem de trombetas.

Suas flores são suficientes para contar que eles chegaram e que estamos no auge da florada de 2020.

Os ipês rosas estão carregados, os rápidos e passageiros ipês brancos estão esplendorosamente carregados e os ipês amarelos, inclusive as árvores mais velhas, também estão florindo com vontade.

Quem ganha somos nós que vivemos em São Paulo e que nesta época do ano temos uma série de floradas consistentes, não só dos ipês, mas das azaleias e das patas de vaca, que também ocupam seus espaços, mesmo sabendo que chamam menos a atenção.

São Paulo é cinza, fria, suja, poluída. É verdade, é tudo isso e muito mais. É dura, é cruel na derrota, não perdoa os erros, mas dá sempre outra chance para quem não entrega os pontos e, depois da queda, se levanta e toca em frente.

A cidade áspera se estende pelo planalto e, junto com ela, seguem as plantas de todos os tipos, que acabam virando mata fechada nos limites onde a serra se encontra com o homem e os grandes ipês ainda são realidade.

Quem sabe quem plantou o primeiro ipê da cidade? Quem sabe qual o primeiro ipê da cidade? Com certeza não foi plantado. Estava lá e lá ficou porque o dono do pedaço tinha uma veia poética que se encantou com a beleza da árvore.

Os ipês brancos e os ipês rosas desafiam os ipês amarelos, que se enchem de empáfia e pintam o céu de ouro, relembrando o tempo em que as Bandeiras abriam os Eldorados e arrancavam os tesouros do sertão.

Os mais afoitos são os ipês brancos. Com poucos dias de florada, suas flores caem. Mas, floridos, poucas árvores concorrem com eles.

A lenda do Ipê

A lenda do Ipê Naqueles tempos, o inverno estava nos seus últimos dias e todas as árvores da floresta estavam começando a florescer. Somente os Ipês continuavam sem flores. Os Ipês, cada vez mais se entristeciam com aquela situação, pois eram os únicos que não tinham nem flores nem frutos. Então, os amarelos canários-da-terra, percebendo a tristeza dos Ipês, resolveram fazer seus ninhos somente nos galhos de um dos Ipês. E ninhais também foram feitos pelas araras-vermelhas e azuis e os sanhaços em outro; as garças-brancas em outro, as siaciras em outro, e num outro Ipê menos imponente, foram os periquitos, jandaias, maritacas e papagaios. Os Ipês ficaram muito felizes e resolveram pedir aos deuses que lhes dessem flores, como forma de agradecimento aos canários-da-terra, e a todos os outros pássaros da floresta, pela alegria que tinham levado a eles. No dia seguinte, dizem, sob o mais belo céu azul que aqueles sertões já conheceram, os Ipês floresceram, em várias cores. E cada um dos Ipês se vestiu nas cores e matizes dos pássaros que os haviam adotado. Quando tudo aconteceu, era agosto. E assim, desde então, os Ipês têm florescido nos meses de agosto e setembro.

Por Antonio de Mendonça

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