Linha 15-Prata do monotrilho está sem funcionar há 13 dias após falha em sistema de pneus

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Empresa canadense investiga causas da falha e não há previsão de normalização.

A Linha 15 – Prata do monotrilho, que vai da estação Vila Prudente à São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, está há 13 dias sem funcionar. Passageiros precisam pegar um dos 60 ônibus da operação Paese para percorrer o trajeto dos trens.

Os 23 trens que operam na linha foram recolhidos no dia 27 de fevereiro, depois que o cinco pneus de um dos trens estourou. Esses pneus do monotrilho funcionam com o sistema “run flat” com um reforço de borracha e ainda não há prazo para a normalização do sistema.

Nesta quarta (11), o Ministério Público de São Paulo anunciou a abertura de inquérito civil para investigar “possíveis irregularidades”.

O inquérito foi instaurado pelo promotor Silvio Antonio Marques, alegando que o monotrilho vem acumulando “falhas e atrasos em série”, prejudicando e “colocando em risco os usuários da região Leste de São Paulo”.

A investigação do MP tem como alvo a Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos, o Metrô e o Consórcio Expresso Monotrilho Leste, responsável pela construção da linha, além da Bombardier, a empresa fabricante dos trens.

“Desde a inauguração, a Linha 15-Prata, que ainda é a única que utiliza tal modelo na cidade de São Paulo, acumula atrasos e uma série de falhas, sendo que, diariamente os usuários enfrentam velocidade reduzida, troca de trens, grandes intervalos e superlotação. (…) As irregularidades ocorrem desde 2016, quando um trem deixou a plataforma com todas as portas abertas, colocando em risco a vida dos passageiros, já que os trens do monotrilho circulam a altura média de 15 metros, sobre pilastras”, justificou Marques no pedido de investigação.

O inquérito do MP foi aberto depois de uma solicitação dos deputados estaduais Paulo Fiorillo e José Américos, do PT. Para o promotor Silvio Marques, a investigação se faz necessária também porque “o projeto da linha em exame foi anunciado com investimentos de R$2,8 bilhões, mas o valor gasto até o momento atinge R$5,5 bilhões, sendo que a data de entrega foi adiada por diversas vezes”.

Em nota, a Bombardier, fabricante canadense, afirma que está trabalhando junto aos fornecedores da empresa e do Metrô de São Paulo para inspecionar e executar testes no sistema de monotrilho e determinar a causa dos problemas.

De acordo com a fabricante dos trens, os esforços para identificar as falhas incluem a contratação de especialistas de todo o mundo para apoiar a equipe local de investigação.

“Nosso regime robusto de testes e análises inclui mais de 27 execuções de teste dos trens, raios-x e desmontagem de um grande número de conjuntos de rodas. Embora nosso objetivo seja retomar o serviço o mais rápido possível, a segurança é nossa prioridade número 1. Gostaríamos de garantir aos passageiros que os trens de monotrilho do Metrô de São Paulo têm transportado passageiros com segurança e confiabilidade desde que o sistema foi inaugurado, em 2014”, declarou a Bombardier.

O Metrô cobrou providências da fabricante canadense Bombardier e do Consórcio Expresso Monotrilho Leste (CEML), que construiu a via.

Histórico de falhas

Em janeiro deste ano, a Linha-15 Prata foi recordista de falhas no sistema de trilhos da cidade. Levantamento feito pela TV Globo com base nas informações do Metrô apontou que a linha teve operação normal em 76,4% do tempo, ou seja, a cada quatro horas de funcionamento, uma foi atípica.

Logo no início do ano, a Linha 15-Prata enfrentou falhas que duraram mais de quatro dias. Por conta de problema na altura da estação São Lucas, na Zona Leste, os trens circulavam com lentidão e maior tempo de parada.

Em 2019, foram 27 dias com funcionamento em operação parcial. O caso mais grave foi de uma colisão entre dois trens em uma área de manobra. O acidente ocorreu nos trilhos que passam sobre a Avenida Sapopemba. Não houve feridos.

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