Impostos sem retorno e nós como vassalos

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Às vezes me sinto como se ainda vivesse no tempo das colônias hereditárias, no século XVI e XVII no Brasil, quando os trabalhadores ou aqueles que não faziam parte da coroa portuguesa eram forçados na maior parte das vezes a trabalhar na agricultura, em terras que não eram suas e entregar metade ou mais da produção ao seu senhor. Basicamente a essência do regime feudal com um senhor de terras e seus vassalos. Fazendo um paralelo com os nossos dias poderíamos dizer que isso continua na forma de impostos.
Quando reclamar de impostos, tenho certeza que não estou sozinha, muita, mas muita gente mesmo vai fazer coro com a minha reclamação; alguns mais outros menos. Alguns pensando que imposto nenhum deveria ser cobrado e outros compreendendo que de certa forma eles são legítimos.
Estou entre estes que reconhece a necessidade de que impostos sejam cobrados quase em concordância com todos eles; impostos diretos e indiretos que são cobrados hoje. Onde estaria então o problema?
É que a meu ver, da forma que tem estado desde que me entendo por gente e pago imposto, alguma coisa está fora da ordem. Acho que são muitos impostos, mas principalmente as alíquotas deles possam ser caras e exageradas quando comparadas ao retorno que dão. Desconfio e muita gente comigo também, que pagamos muito mais pelo que recebemos em termos de quantidade e qualidade. Pago xis e recebo xis menos. Algo como se pagasse por uma feijoada suculenta e recebesse um feijão preto ralinho.
Pago IPTU e devo pagar porque, em tese, deveria ser para melhorias em áreas públicas e comuns da cidade, mas não vejo tantas melhorias assim. Pago água e esgoto e vejo pouca água e muito racionamento e quase nada de tratamento de esgoto. Pago taxas estaduais e não consigo ver direito o que nos entregam de volta. Não tem dinheiro para remunerar professores, melhorar as escolas, a saúde os transportes e a segurança dentro do Estado, os novos e necessários investimentos na preservação ambiental e no armazenamento da água. Enfim, a lista seria imensa e você mesmo, caro leitor, pode lembrar-se de outros impostos que paga a preço de feijoada e recebe feijão ralo.
A questão é que o volume dos recursos que chegam compulsoriamente aos cofres dos executivos dos governos: federal, estadual e municipal é uma incógnita e só sabem quanto os mais experts que são do ramo ou procuram nos lugares certos; de repente nos balanços anuais. É tanta cifra pra cá e pra lá que nós, simples mortais, não conseguimos chegar a uma conclusão. O fato é que o volume de recursos financeiro via impostos é que mantém de pé o Estado.
O problema é que enquanto pagamos feijoada e comemos feijão com caldo ralo somos obrigados a ouvir que deputados federais, estaduais, vereadores, governadores, prefeitos e todos os seus secretariados além de juízes, promotores e todo o judiciário conseguem dar um jeitinho de sempre tirar para eles próprios um pouco mais aqui e ali seja em termos de salário direto ou através de benefícios indiretos, entre os mais escabrosos, o auxílio moradia para quem tem casa. E que belas casas!
É nesse sentido que traço um paralelo com a situação feudal onde somos os vassalos de milhões de senhores, a maioria deles sequer sabemos para que serve. É nesse sentido que pagar imposto doí; não ver o retorno do que somos obrigados a pagar. Se ainda não bastasse vira e mexe a situação exige novos impostos. Basta lembrar o que foi, um dia, a CPMF, que em tese deveria ser usada para a saúde e que teve outros destinos nada nobres.
Fora a escabrosa injustiça fiscal. Acho que deveria haver taxação de grandes fortunas como forma de justiça fiscal e há injustiça sim; basta pensar no exemplo do imposto direto. Vejamos: vou pagar o mesmo valor de imposto para abastecer o meu ‘celtinha’ que uso para trabalhar que o playboy, filho de magnatas dono do Camaro amarelo. Eita carrinho brega!
Queria viver tempos de Suíça; com justiça social, com diferença salarial pequena entre as várias classes, com impostos transparentes e onde os parlamentares ganham bem, mas apenas o suficiente como qualquer ser normal e que nem carros pagos, nem moradias e vale refeição tem de forma especial como benefício. Ai sim, um país justo.

(LM)

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