O futebol e suas bolas fora

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A Polícia Federal dos Estados Unidos (FBI) investiga o óbvio, pelo menos na cabeça da maioria das pessoas que conheço que é o suborno sobre as escolhas das sedes onde se realizaram as Copas do Mundo, incluindo a que ocorreu na África do Sul em 2010 e a do Brasil, em 2014. Apesar de ainda não conhecermos os detalhes, a procuradora-geral dos Estados Unidos aponta que esse esquema vem sendo usando nos últimos 24 anos e gerou propinas que ultrapassam US$ 150 milhões.
O fato é que as investigações indicam que desde 2004 já havia se iniciado a campanha para que a próxima copa devesse ser realizada na África em 2010 e no Brasil, conforme, de fato aconteceu.
Para cada uma dessas copas tem um número de pessoas envolvidas e sendo investigadas, e em alguns casos, os nomes se repetem nos dois. No pacote de investigações nove dirigentes ou ex-dirigentes e cinco parceiros da Fifa foram indiciados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, acusados de conspiração e corrupção desde 1991.
E uma hora tinha que acontecer, mesmo porque, o que a gente desconfia com muita razão da cartolagem não cabe no papel. No Brasil, entre os afastados e investigados, está o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, que já foi até governador do Estado de São Paulo.
Que se investigue mesmo e que puna os culpados, principalmente retomando o dinheiro que eles ganharam indevidamente. Isso nos daria enorme alegria e mais algum alento de que a Justiça pode funcionar, mesmo que seja lá a dos Estados Unidos.
O fato é que o futebol mesmo, o jogo é gostoso, agradável de assistir, de torcer, mas só isso. Quando partimos para o aspecto das torcidas e da violência nos estádios e fora dele, do fanatismo a coisa degringola. Mas degringola ainda mais, segundo o meu entendimento, quando começamos a raciocinar sobre toda uma série de negócios que giram em torno desse esporte.
Pretendo, até, em outra ocasião, desenvolver melhor esses assuntos, muitos deles até nem são nenhuma novidade, mas vejamos: meninos com alguma qualidade para serem jogadores de futebol só prosperam e progridem para as equipes de base dos principais times, caso possam pagar agenciadores ou olheiros, portanto, vejam, onde começa a corrupção. Outros aspectos: porque, raios, um jogador ganha verdadeiras fortunas com salários astronômicos pagos por esquemas de propaganda ou em outros não muito claros? Qual o valor de um jogador de futebol com salários astronômicos quando comparados aos trabalhos com e de cientistas que pesquisam e descobrem curas de doenças? E quando comparados a uma série de serviços sociais, econômicos e de qualidade de vida que interessa a toda humanidade?
Porque os clubes, cartolas e jogadores nadam em fortunas estratosféricas levando vidas nababescas em mansões quilométricas apenas para produzirem e participar de espetáculos, que muitas vezes sequer vale 10 Reais? Porque se dá tanto crédito ao que fala, pensa ou como se penteia, com quem namora ou em quem dá selinho, esses jogadores cheio de empáfia, que mal sabem falar e que, infelizmente, servem de exemplo e modelo de pessoas à serem seguidas pelos meninos mais despreparados e em geral pobres durante a sua fase de crescimento?
Um jogo bonito, bem jogado e de preferência com o nosso time ganhando é muito bom, mas não o suficiente para servir de oportunidade de negócios para corruptos, para endeusar atletas, para consagrar marcas de produtos e, principalmente, para servir de exemplo de crescimento e prosperidade a serem seguidos.
Nesses termos o 7X1 sofrido pelo Brasil através dos pés da equipe alemã foi pouco. Com tanta safadeza tinha que ser 70 a 1.
(LM)

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